terça-feira, 25 de maio de 2010

Nós agimos, e só depois paramos pra pensar. Nós sempre fizemos isso com o nosso precoce amor. Ah, foi um pecado ter tido tanta pressa!
Eu me lembro bem do dia que eu pressenti que você não mais voltaria. Eu estava em casa, era umas onze horas da noite e dezembro terminava. Embora tenha sido numa quarta-feira... queria te contar que foi domingo.
É que domingo é dia de apagar a luz, pegar a garrafa de vinho e o disco do Chico.
Domingo são os dias mais categóricos, são dias mais solitários, dias em que se pode chorar e inchar os olhos por que não se tem compromissos. Então prefiro acreditar que você foi embora num domingo. Fica mais bonito, até mais poético assim.
Agora então, aos domingos eu lembro do nosso amor que até nisso foi precoce... morreu cedo.

Livros

Sempre que vou a casa de alguém procuro a mesma coisa: A estante de livros.
Há quem diga que uma casa tem que ter quadros, tapetes e uma bela decoração. Eu já acho que uma casa precisa de uma grande estante de livros!
Se não, onde seus moradores vão guardar sua imaginação?
É na estante que vemos seus objetos de valor, seus amores de uma noite só e aqueles amores para todas as noites. Amores pra vida toda.
Li uma reportagem sobre o 'Futuro do Livro' e não preciso falar da minha indignação.
Sou contra, totalmente contra o 'Livro Digital', eu gosto do barulho das folhas virando. Gosto de Grifar as partes que mais parecem ser escritas pra gente, molhar o rodapé das folhas com lágrimas e morrer de ciúmes ao emprestá-lo a alguém.
Não tem nada mais intimo que meus livros. E não tem melhor lugar pra se conhecer, do que uma boa livraria.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Chorei três dias, depois dormi algumas horas.
Acordei com a certeza de que eu estava só, e isso me apavorava.
Sentei na varanda e derramei soluços hora a fio. É de se querer dar fim na vida quando as esperanças são decapitadas assim. Mas esperei que o amanhã me trouxesse o agradável.
Depois de três quilos, cinco meses e algumas gramas eu voltei a te ver (com outra é claro).
Eu cheguei a tremer, rezei baixinho, e quando tive coragem de ir falar contigo suspirei aliviada.
Foi maravilhosa a sensação de que eu não preciso mais de você!
Então vesti um sorriso bem largo e acendi meu cigarro.
É claro que tenho um passado ainda morno que às vezes me volta, mas tenho também um futuro imenso que gero com a esperança de que nasça para me trazer gostos doces, infinitos enquanto duro.

“não falem dessa mulher perto de mim, não falem pra eu não lembrar da minha dor”

Ja fazem três primaveras que eu estou sem ela. Acho que estou me segurando bem.
Aliás, me perguntaram esses dias o que eu ainda sentia por ela... Enchi meus olhos de lágrimas e disse pra mim mesma ‘Ah eu sinto saudade!’.
Sinto saudade misturada com tesão e raiva, mas muita raiva. Sinto saudade das mãos que brincavam com os lábios.
Sinto saudade dos traços finos e marcantes. Sinto saudade das suas manias estranhas. Sinto saudade da sua letra, no caderno da escola.
Sinto saudade do colo, do beijo, do silêncio.Eu sinto saudade daquelas músicas que a gente cantava, mas eu nem me atrevo a escutá-las sem você.
Faz falta um ombro, faz falta teu corpo ...
Não sei porque insito em manter uma foto sua mantida ao alcance dos olhos, um presente bem guardado, uma saudade incontrolavel e algumas lembranças desnecessarias.
As vezes paro para pensar que num curto espaço de tempo eu deixei de tê-la e passei a procurar desesperadamente uma maneira mais racional de aceitar a sua ausência. Mas como eu nunca aceitei essa ausência, eu continuo achando mesmo que ela ainda deveria estar aqui comigo.
Só quando li a frase "A gente se torna mais dependente de um amor quando ele termina, do que enquanto ele dura" pude entender a nós.
Mas eu acho, eu ainda acho que ela deveria estar aqui comigo!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

No mar, em casa.

Ela tinha os cabelos curtos, mas seu sonho era deixa-los crescer iguais ao de uma princesa.
A sua pele era morena, os olhos brilhavam de tanta ternura.
Ela tinha mãos fortes que seguravam o irmão, que ela tanto se orgulhava de carregar.
Desde pequena seu sonho era ser marinheira. Ela costumava dizer que faria de tudo até conseguir fugir pro mar. Na verdade ela sempre foi cheia de sonhos.
Mas os sonhos daquela garotinha, deram lugar a realidade.
Ela deixou de ter cabelos curtos, ela deixou de ter cabelos. Mas passou a cuidar melhor dos cabelos de suas bonecas.
A pele estava mais abatida, então ela aprendeu a passar batom pra disfarçar a palidez.
As mãos já não tinham tanta força para carregar o irmão, então ela o ensinou a andar do seu lado (na verdade ela ensinou a todos a sua volta como se deveria andar no meio de uma batalha).
Ela também já não queria mais ir pra marinha e muito menos fugir pro mar... Seu sonho agora? Ela só queria voltar para sua casa. Ela só queria ouvir qualquer especialista no assunto dizer para ela: 'você está curada'.

sábado, 8 de maio de 2010

Pouco importa a perspectiva

'...depois de um bom cansaço mental planejando o que fazer com meu final de semana (até então,tão esperado).Decidi que vestiria uma camiseta,dessas que cabem mais meia dúzia de pessoas lá dentro.Depois deitaria debaixo daquele cobertor para assistir o primeiro dos oito DVD’s que aluguei.Ja que agora sou (ou tenho que ser) minha própria companhia.
Não importa a solidão,não importa a galeria de fotos vazia,não importa o tédio de ter que olhar no espelho para ver algum rosto em sua frente,não importa a espera pela mensagem que não vai chegar, não importa a música triste,não importa a falta de fome por falta de companhia para se jantar.Já não importa que as perspectivas para o sábado e o domingo sejam nulas. Porque o fim de semana está garantido como um dos melhores de sua vida.'

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Olha, Ana.

Sabe Ana, uma vez ouvi Chico cantar que 'Pra se viver do amor, há que esquecer o amor'. E se você quer saber eu acho que isso é mesmo verdade!
Todas as vezes que juramos amor a alguém aprendemos uma nova forma de amar. E quantas maneiras há de se amar alguém! Não sei você, mas toda vez que amo alguém, juro por Deus que nunca mais amarei outra pessoa com aquela intensidade, eu falo pra mim mesma que as coisas de fora não são tão grandes quanto meu amor. Mas então aquele amor acaba e eu vejo que quem não era tão grande, era meu sentimento.
[...]
Olha, Ana. O amor é traiçoeiro, ele nos das proporções distorcidas, mas mesmo assim a gente se entrega de olhos fechados para ele.
O amor também é ingrato, pois ele sempre acaba primeiro para uma das pessoas envolvidas.
O amor na verdade é cheio de defeitos, mas ninguém se importa com os defeitos desse danado.
É que ele sabe como chegar. Ele tem uma cara bonitinha. E ele também é doce, isso eu não posso negar. E bem ou mal, todo amor tem seu valor.
[...]
O que Ana, você pergunta sobre o meu coração?
Quer saber? Eu acho que ele ainda pode oferecer esse tipo de sentimento.

segredo é pra quatro paredes.

Esses dias sonhei com você,
Sonhei que era um dia de outono, frio e cheio de segredos.
Pela janela entrava alguns raios de sol e também um vento gelado que me pedia pra te abraçar por debaixo da coberta.
Eu brincava com suas mãos e depois entrelaçava meus dedos nos seus cabelos claros. Fiquei ali presa por um certo tempo.
Me perdi olhando pra você e acabei nem notando que lá fora a noite caia. Os últimos raios de sol foram dando lugar as luzes amareladas das lamparinas naquela velha casa de madeira.
Então chegou a noite. Depois do jantar, do vinho, da ausência de luz... Você se fez ainda mais mulher. Prendeu os cabelos, vestiu a melhor roupa e me fez completa. Adormeceu nos meus braços, e no rádio aquela música antiga dizia o que minha estupidez não me deixou dizer.
Mas era tarde, você dormia e a noite me pedia silêncio... Fiz um pacto com o rádio, com a casa de madeira e a neblina da manhã,
ninguém cantaria a música, ninguém contaria o segredo.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Me olha da onde estiver...

Eu pensei que anjos viviam para sempre... Mas não, um dia o anjo voou de volta pro céu.
Sabe, confesso que eu tinha a certeza de que mesmo com as mãos tremulas você sempre estaria do meu lado. Eu pensei que você iria na minha formatura, com aquele vestido florido. Eu ja sabia até como arrumar aqueles cabelos brancos e tão finos...
Eu pensei que a mesma ambulância que te levou, ia te trazer de volta. E eu ia te deitar no meu colo e dizer que eu tinha tomado um baita de um susto.
Mas você não voltava mais ... e eu segurei forte aqueles bichinhos de porcelana que você tanto gostava.(Ah, me desculpa ter quebrado um deles é que minhas mãos estavam tão pesadas quanto os meus olhos inchados.)
Eu me lembro do dia mais triste da minha vida, fazia frio, era um dia nublado... mas em algum lugar deveria haver sol ... Só não era dentro de mim.
Naquele dia uma parte de mim ficou paralisada. A outra parte ficou desgovernada. Na verdade, eu acho que até hoje eu ando desgovernada sem a sua presença. Eu ainda ouço aquelas músicas que você cantava. Eu ainda lembro da receita secreta. Eu sinto o cheiro de colonia dos seus cabelos. Eu ainda preciso tanto de você.
Você que foi mãe, avó, irmã, amiga. Você foi abraço, consolo, broncas e mimos. Você foi amor. Sempre foi amor. E hoje é saudade.


“Ó meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha
Precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faça um favor
Dê um banto a ela, que ela me benze aonde eu for
[...]
Teu lar é no reino divino
Limpinho cheirando alecrim “