sábado, 2 de outubro de 2010

'uma noite longa, pra uma vida curta'

De cima do apartamento, lá no ultimo andar. O vento é mais forte, mais cortante.
O vento faz a cortina dançar bem clichê.
Os postes de luz da rua ficam la embaixo dando a impressão de que ninguém vai olhar tão alto que possa vê-la. Nem mesmo ouvi-lá. O poste ilumina os andares de baixo. O seu andar não.
Então ela acende aquele abajur velho. Daquela porcelana bege. Feio, mas ainda serve pra alguma coisa.

Enquanto um manhoso Chico canta lento. O abajur tão lento quanto o Chico se acomoda na mesa,bem do lado de um cinzeiro antigo que espera o fracasso dela para receber as cinzas de um cigarro novo.

Lya luft e Clarisse, tão esquecidas na prateleira do quarto. Até tinham bons conselhos para lhe oferecer. Mas ela se lançou no sofá como quem desistisse de lutar. Como quem quisesse apenas atrasar o começo do dia.