domingo, 22 de agosto de 2010

Um Cabernet lhe cairia bem. Lhe faria tirar da boca o gosto da noite passada.
Também lhe faria suprir a falta de cigarros. De drogas.
Qualquer atriz deveria entender que como o palco, hora ou outra sua cama também estaria vazia. Assim como o peito, o copo, os olhos.
É que depois de noites de equívocos, tudo fica meio picotado. E essa coisa de misturar sentimento com tesão lhe caia bem. Isso de arrancar pedaços, prender com as unhas, os dentes, as pernas...
Agora ela estava com sua última garrafa já pela metade, a taça encostada no rádio e o olhar caído. A maquiagem borrada e restos do cheiro de ontem. Não sabia muito bem o que fazer com as lembranças, então achou melhor deixa-las de canto e depois pensaria nisso.
Por hora, sua vontade era colocar na nuca os lábios molhados. E deixar ao pé do ouvido as palavras não ditas, as palavras malditas.

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