domingo, 22 de agosto de 2010

Ela.

Ela permitia que lhe esfregassem e borrassem o seu batom. Mas nunca deixou uma gota do seu rimel escorrer.
Desde o dia em que se sentou no chão, se olhou de perto, se sentiu mulher, se fez segura... nunca mais deixou que em suas mãos, colocassem um anel.
Ela era amante, e sabia que para ser a outra é necessário ter vocação e frieza. E também ela já estava gelada demais para paixões.
Então ultrapassou limites, transcedeu regras.
Com ele não haviam palavras, passavam de silêncio absoluto para gemidos.
E era assim que deveria ser.
Estava tudo combinado, embora não tivessem dito se quer uma palavra.
Ela saia do salto somente se fosse para ir para a cama e acendia seu cigarro somente depois que ele fosse embora. Ele ia embora sem dizer quando voltava.
Até que ela decidiu ir embora, mas achou melhor nunca mais voltar.
Ela cansou de reticências, preferiu ponto final.

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